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Movimento - Perspectiva

REF.:
9786555051971

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Características

TRECHOS DA APRESENTAÇÃO (de Leandro Medrano) O livro-manifesto Movimento, da jornalista Thalia Verkade e do urbanista Marco te Bro¨mmelstroet, relata os processos técnicos, sociais e políticos que tornaram a Holanda um país exemplar no uso da bicicleta como meio de transporte. Trata-se de uma longa e difícil trajetória que só foi possível com a participação ativa da população. Tal qual em outros países, o lobby da indústria automobilística foi implacável: destruiu tecidos urbanos historicamente construídos e recursos naturais, junto com milhares de vítimas fatais direta e indiretamente ligadas ao uso do automóvel. Reverter o avanço das forças do desenvolvimentismo industrial – naqueles anos, acompanhado pela promessa simultânea de desenvolvimento econômico e social – parecia uma tarefa impossível. No entanto, os vários relatos apresentados no livro demonstram que, quando a população reconhece a importância de práticas coletivas urbanas voltadas para o bem comum, é possível impor limites à ganância de determinados setores econômicos. Além disso, outras estratégias de convivência urbana podem ser desenvolvidas, com o objetivo primordial de promover o bem-estar geral da população. DO LIVRO Dirigir um carro elétrico parece ótimo, mas de que adianta isso se não queremos ficar parados no trânsito? Tive minha cota de congestionamentos em Moscou: manter-me alerta enquanto esperava o trânsito fluir minava gradualmente a minha vontade de viver. Que desperdício de tempo precioso. Engarrafamentos são a principal fonte de irritação de todos os motoristas, e os atrasos decorrentes deles prejudicam a economia.   Quem decide se uma faixa de pedestres ou um semáforo será colocado em determinado lugar? A princípio, isso me parece uma questão técnica, algo da alçada de engenheiros de trânsito. Porém, depois de conhecer alguns engenheiros de trânsito, percebo que não se trata apenas de um assunto técnico. É uma questão social, política e moral: ela diz respeito a quem tem mais direitos.   Fico espantada ao descobrir que os distritos do século XIX das cidades europeias, com suas ruas estreitas e casas de três ou quatro andares, são o lar de quase tantas pessoas por quilômetro quadrado quanto Manhattan com seus arranha-céus. A explicação é que os prédios altos tão típicos de Manhattan são muito mais apartados, com ruas muito mais largas entre eles. O século do carro nos separou. Será que estamos nos aproximando do fim desse século do carro?   Se sentimos tanto prazer em acampamentos e parques de férias, pensamos, por que não tentamos organizar nossas próprias ruas da mesma maneira? Do jeito que as coisas estão agora, muitos de nós corremos para escapar do ambiente doméstico o mais rápido possível na vida cotidiana. A área em torno de nossas residências é tão desagradável que passamos nossos feriados em parques de bangalôs para evitar estarmos cercados de carros.   “É nessa direção que as coisas estão indo.” Essa é uma frase recorrente que escuto durante minhas investigações. Como se o futuro da mobilidade fosse em si autônomo. Talvez seja. Quando tanta coisa é determinada por fórmulas, diretrizes e modelos, a situação não se parece com, digamos, um veículo autônomo? O algoritmo opera, e os seres humanos intervêm apenas quando algo dá errado. Assim mesmo, os algoritmos e as diretrizes são, é claro, escritas por pessoas, que fizeram certas escolhas.   Parecia tão fácil naquela época, quando eu ainda achava que engenheiros poderiam resolver todos os nossos problemas de mobilidade; minha única tarefa era a de acolher com entusiasmo suas soluções, com o benefício adicional de me apresentar como terrivelmente progressista e voltada para o futuro. Uma pessoa que adotava essas soluções precocemente. Se aprendi alguma coisa dessa jornada exploratória, é que tudo isso depende de uma escolha. Todos têm a liberdade de priorizar rapidez e eficiência em detrimento da justiça e da igualdade no domínio público. Porém, os políticos que ass